Quem acessa o site onde compartilho minhas fotos (andersonfnobre.com.br) já deve ter percebido o meu gosto pelos modelos passarinhos. Não posso ver um que logo corro atrás para uma sessão de fotos.
E modéstia à parte, tenho tido sorte com meus modelos passarinhos. Fazem cada pose! Exibidos!!!
Como a diversidade aqui pela cidade já não é tão grande, acabo por repetir os modelos. Sempre que possível, procuro novos ângulos, novas poses, novos cenários…
Lembro-me de que há muito tempo atrás minha mãe começou com um pequeno negócio de venda de plantas. No início o empreendimento era literalmente caseiro. Isso mesmo, a “floricultura” funcionava no quintal de casa.
Uma das plantas mais procurada pelos fregueses eram as populares e sempre belas samambaias. Acontece que as belezuras eram também cobiçadas pelos pardais, que aos bandos habitavam nosso telhado e os das casas vizinhas. Em constante algazarra, eram frequentes os ataques aos brotos das samambaias. Minha mãe, em desespero, nos pedia sempre auxílio para espantá-los. Verdadeiro trabalho de Sísifo, pois logo estavam de volta em busca do tenro alimento.
Meu pai, então, vendo o desespero da patroa, resolveu comprar uma espingarda a ar comprimido. A popular espingardinha de chumbo. Agora sim, armados, passávamos parte do dia a caça dos seres voadores, devoradores de brotos das samambaias. Abatemos vários…
Mas a questão é que, no ímpeto exterminador daquele início de adolescência, passamos a mirar outros alvos, além dos vorazes pardais. Eram rolinhas, maritacas, bem-te-vis, tizius… Até beija-flores!!! Tenho que confessar que gostava de caçar passarinhos… Um tiro, matei!!!!
Hoje continuo a caçá-los compulsivamente. No entanto, minha arma agora é uma câmera fotográfica. Minha munição, um cartão de memória. Meu gatilho, um pequeno botão. Confesso que adoro fotografar pássaros. Um clique, peguei!!!
Garanto que fotografar pássaros é bem mais emocionante que matá-los. Matou, acabou! Fotografar não, a gente fica ali a espreita, esperando o bichinho assentar, pular, revoar, beliscar, beijar, trabalhar… De repente ele some voando. Frustração. De repente reaparece. Emoção. Alguns até voltam de tempos em tempos, pedindo uma nova sessão de fotos. Narcisistas!!!
Vejo que fotografar pássaros ou aves em geral tem se tornado uma prática cada vez mais disseminada pelo mundo. Seja por aspirantes a fotógrafo, como eu, seja por profissionais que fazem dessa arte seu trabalho regular. Muitos desses trabalhos tem um viés científico, inclusive de preservação da memória desses bichinhos, muitos infelizmente sob real risco de extinção. A natureza agradece penhoradamente!
Há vários sites na internet com belíssimas imagens capturadas por essas lentes caçadoras de bichos de pena. Vale conferir.
No passado era comum, principalmente entre os meninos, a caça de passarinhos. Quem não se recorda dos infalíveis estilingues? Que menino daquela minha época não desejou ter uma espingardinha de chumbinho? Quantos já não exibiram seus troféus, inertes, pendurados pelos pés, de ponta cabeça? Tempos outros… Espero.
Hoje a meninada já não tem essa prática exterminadora, exceto em algumas localidades da área rural, onde muitas vezes bicho de pena é alimento. O trabalho de preservação e educação ambiental também traz grande contribuição para essa mudança de hábitos. Novos tempos… Espero.
Cada vez mais raros pelo avanço das áreas urbanas e consequente presença do bicho gente, os passarinhos devem estar comemorando essa mudança. Afinal de contas é bem melhor vida de modelo do que de alvo.
Portanto, peguemos nossas câmeras e vamos à caça…
Por Anderson Nobre
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