Lembro-me no Polivalente…
O diferencial do Colégio Polivalente naquela época era a inovação no sistema de ensino, unindo as disciplinas tradicionais a uma abordagem técnico-profissionalizante.
Assim, tínhamos os primeiros dois anos (5ª e 6ª séries) para experimentar quatro práticas: agrícolas, industriais, comerciais e educação para o lar. Daí, você poderia escolher a prática a ser cursada nos próximos anos (acho que era isso).
Lembro-me que optei pelas práticas agrícolas com o excelente e boa praça professor Ivan. Sempre gostei da terra.
Havia aulas teóricas (aprendi a diferença entre raiz tuberosa e tubérculos, rsrsrs) e aulas práticas. Nas aulas práticas, saímos da sala com todo o ferramental, carregando tudo em carrinhos de mão até a área das hortas.
Lá fazíamos o ciclo completo da plantação. Aprendemos a medir e preparar os canteiros (na picareta mesmo), adubar, plantar, realizar os tratos culturais e, por fim, colher. Quantas vezes cheguei em casa com quilos de cenoura, beterraba, rabanete, berinjela… Pés de couve, alface, cebolinha.
Às vezes contávamos com o auxílio do Cabrobó em algumas tarefas (sempre achei que ele parecia um típico mexicano com aquele seu sobreiro de palha e seu bigode grosso).
Aprendi muito com o professor Ivan.
Aprendi que cuidar da semente (éramos sementes naquele Polivalente) é primordial para uma boa colheita. Aprendi que tudo tem seu tempo e que é preciso esperar para colher (vivemos…). Compreendi, também, que se não foi possível colher os frutos, valeu sempre a intenção da semente (não é mesmo Henfil?).
Ali, estudando ao ar livre, dividindo as tarefas com os colegas, plantando e colhendo, começamos a entender melhor os ciclos da vida (semear, florescer, frutificar, perecer…).
Eu gostava muito daquelas aulas.
Obrigado Cabrobó. Obrigado professor Ivan!
por Anderson Nobre