Extraclasse

Na época do Polivalente…

Lembro-me que durante os quatro anos de ginásio, era muito comum frequentarmos a casa de colegas para fazermos trabalhos escolares em grupo.

Frequentei muito a casa do Júlio Cesar, pois ela ficava num ponto mais central, quase que equidistante em relação à casa de cada um dos componentes do grupo. Lá, invariavelmente, após a conclusão do trabalho, ficávamos na porta, no murinho com uma grade, jogando conversa fora. Eram papos agradáveis e muitas vezes não nos dávamos conta do passar do tempo. Voltávamos para casa já escurecendo.

Na casa do Ricardo Barros, ali perto da igreja Matriz, fomos apresentados em certa ocasião ao seu mais novo presente. Um sofisticado aparelho de som, acho que da marca Gradiente, três em um. Potente pra caramba! Ao som dos para mim ainda inéditos Emerson, Lake & Palmer, Led Zeppelin, Pink Floyd e até mesmo Chico Buarque, preenchíamos os intervalos pré e pós os deveres escolares.

Na casa do Rubens Athaíde, ali na Camilo Prates, além do trabalho é claro, eram sagradas as rodadas de Banco Imobiliário, seguidas de um delicioso e completo café da tarde.

Já na casa do Serjão, lá na Rua São Paulo no Todos os Santos, a diversão e a aventura já estavam garantidas no caminho. Normalmente, íamos em bando. Naqueles tempos, a “avenida sanitária” era uma nesga de terra e poeira, recordada pelo rio Vieira, margeada por  altos pés de eucalipto, dispostos em fila indiana. Normalmente, nos encontrávamos na casa do Júlio, descendo pela torrefação do Café Diplomata (lembram???) e chegando à ancestral da  sanitária. Para chegarmos ao Todos os Santos utilizávamos uma famosa ponte que balança (pelo menos era assim             que eu a chamava). Estrutura estreita, construída em piso de tábuas, com corrimão de cabos de aço. A diversão da turma era balançar a ponte quando cada um estava atravessando. E o trem balançava com gosto…Dava aquele inconfessável friozinho na barriga. Os mais ousados, arriscavam uma travessia de Monark barra circular.

Vencido o desafio da ponte, chegávamos finalmente à casa do Sérgio, onde uma limonada bem gelada estava sempre a nossa disposição.

Bons tempos aqueles…

por Anderson Nobre

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