Morava em Terra Branca um homem chamado Firmino de Morais, com sua esposa Joana Queiroga e sua filha, que tinha o mesmo nome da mãe.
Firmino de Morais era o homem mais rico da região. Certo dia apareceu no lugarejo um forasteiro. Todo mundo passou a querer sabem quem era aquele homem, que sempre passava montado em um cavalo alto e bonito, com o peitoral todo enfeitado.
O forasteiro carregava uma sacola de couro com elevada quantia. Em um dia de intenso frio, ele se aproximou do comércio de Antônio Cristino, o único do lugarejo. Ao entrar no comércio, pediu uma pinga. Tomou, fazendo aquela careta. Em seguida, pagou a cachaça e se aproximou de Antônio Cristino e perguntou: – por acaso, o senhor não sabe quem tem uma casa para alugar ou vender? Antônio respondeu: – eu possuo esta, que está à venda há muito tempo.
O forasteiro e Antônio Cristino fecharam negócio na casa, a qual já possuía todos os acessórios para moradia.
Firmino de Morais soube do homem com bastante dinheiro em uma sacola e ficou interessado, pois estava querendo se dispor de uma fazenda. Procurou então o forasteiro e propôs vende-lo uma de suas fazendas. Ao perguntar o nome do forasteiro, ele respondeu: – chamo-me Aprígio de Sousa.
Os dois começaram a dialogar. Firmino indagou ao homem qual era a sua origem. Aprígio respondeu: – sou da Bahia. Conversa vai, conversa vem até que Firmino voltou ao assunto da venda da fazenda. Finalmente chegaram a um acordo para o negócio.
Foram então para Bocaiuva para assinatura da papelada. Na volta, Firmino convidou Aprígio para almoçar em sua casa e o apresentou à sua esposa Joana e à sua filha, também Joana. Aprígio não tirava os olhos da filha de Firmino, moça bonita, branca como a neve, olhos azuis da cor das estrelas. Ele, um rapaz moreno alto e forte.
Após conversar com a moça ele se encantou por ela e pelo seu sorriso maravilhoso. Despediram-se. Por todo o caminha de volta ele pensou nela. A noite ele não conseguia pensar em outra coisa.
Na manhã seguinte, bem cedo, ele chegou na casa de Firmino, no intuito de ver a filha. Lá tomou um farto café, permanecendo ali até a hora do almoço e até se esquecendo de um compromisso que tinha na sua fazenda.
Passados três meses Aprígio estava dominado pela paixão e resolver pedir ao Firmino a moça em casamento. Firmino, sabedor de que o pretendente era um homem opulento, teve a certeza de que nada iria faltar para sua filha. Marcaram então o casamento para o dia de São João, padroeiro de Terra Branca. Foi uma festança de três dias. Quinzinho era o fogueteiro do povoado.
Casados, tiveram dez filhos: Florisbela, Dico, Maria Madalena, Jason Gero, Cota, Tiburtina, Joana, João Osório, Maria do Rosário e Maria José.
Um dia apareceu em Terra Branca um homem chamado Maurício. Era português e mascateava todo mês em Terra Branca. Ele tinha um jipe e quando chegava as pessoas ficavam ao redor do carro, porque ninguém tinha carro. Também não havia estradas e o animal era o meio de transporte.
Madalena começou a namorar. Ela era muito sapeca e o recurso foi se casar com Maurício. Maurício era uma pessoa que conhecia toda a Europa. Era uma pessoa finória. Aprígio, o pai de Madalena, delegou a Maurício a administração da fazenda.
Jason Gero, filho de Aprígio, ficou magoado e resolveu tirar a vida de Maurício. Contratou um pistoleiro para o serviço. Aprígio, ao saber do crime do filho, expulsou Jason e com sua esposa e seus onze filhos.
Eles vieram para Montes Claros. Madalena, para se vingar, mandou matar o pistoleiro que assassinou seu marido Maurício, arrancando e guardando suas orelhas numa caixa de sapatos.
Após a morte de Aprígio e Joana a fortuna da família desapareceu. Seus descendentes hoje são todos pobres.
por Toni Freire/2022