Jairo Nobre Mendes – 14/04/2013 – 02:24hs

Sou muito sensorial e cinestésico e a base de toda reflexão sobre mim mesmo sempre foram minhas sensações e movimentos… Enfim, minhas experiências… Desacredito em Descartes quando diz que o corpo é fonte de ilusão…

Desacredito na forma pela qual “aprendemos” e “desaprendemos” sobre nós mesmos e a vida…

Nunca acreditei completamente na Educação e na Educação física que aprendi na escola e nem tão pouco em boa parte das psicologias em que me submeti… Elas não me apresentaram e ainda não apresentam um “corpo vivo” e sim apenas representações fracionadas e estáticas sobre ele.

Tenho ânsia de construir um próprio aprendizado sobre mim e a vida… Sou inquieto por ser um pouco “timoneiro” do barco que sou…

Falamos pouco sobre o corpo que somos… Estudamos o corpo, por via de artigos, dissecações, livros (tudo bem, faz parte), mas vou escrever agora um pouco da dinâmica de funcionamento deste “corpo vivo” que sou e é assim que gostaria de ser lembrado… Acredito que muito dessa dinâmica seja universal e tem muito de singularidade também…
Sou um ser vivo, impactado pela causalidade do tempo… E nessa condição sou um ser corporificado, corporal…

Um ser que no seu fluxo e dinâmica de funcionamento é contraditório e concomitante:
Sou contraditório na singularidade e universalidade que sou, nas batidas do meu coração e nas pulsações corporais, na minha biologia e fisiologia, nos meus conflitos e nas regras sociais que me atravessam e me enredam, sou contradição na minha energia e na minha pulsão, nas minhas emoções, sentimentos e sensações. Sou caseiro e da lua, sou família e lobo, sou arredamento e transgressão, sou pensamento coração e tesão.

Sou concomitância, por que não sou isso ou aquilo; sou isso e aquilo… Tudo isso não acontece em mim por compartimento ou por uma “suposta hierarquia”… Não, não é assim, embora tenha aprendido que seja assim…

Sou um ser de escolhas, porém, escolher não me faz menos… Sinto e penso que escolhas não devem nos diminuir, enclausurar, partir… Colocar no âmbito do privado uma dinâmica que é da vida que atravessa esse corpo que somos… Quase não falamos sobre tal dinâmica, quando a negamos…

Meu fluxo, minha dinâmica existencial e não há outra forma de existir a não ser por esse corpo que sou, ela (essa dinâmica) é instantânea, contraditória e concomitante. Sou uma corporeidade complexa e una. Complexa porque sou múltiplo, intra e interrelacional e uno porque sou único… Como qualquer uma pessoa é …Tecemos nossas próprias configurações ao longo das nossas histórias… E o mais instigante de tudo isso pra mim é que, configurações podem ser reconfiguradas.

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