Catando fotos…
Foto que recebi da minha colega Maria Amélia (Mel), em 03.03.2020.
Moro no bairro Sapucaia em Montes Claros – MG. Ainda é um bairro exclusivamente residencial. Aqui não temos comércios. Eu gosto dessa característica, em prol da tranquilidade, não obstante os constantes deslocamentos para acesso às áreas comerciais em outras localidades.
Para acessar o bairro Sapucaia temos três opções. Via bairro Ibituruna, Via bairro Morada do Sol ou via bairro Jardim Liberdade. Os acessos mais utilizados são os do Ibituruna e Morada do Sol. O acesso via Morada do Sol é bastante movimentado, inclusive com linhas regulares de transporte público.
Vindo pelo Morada do Sol, ao chegar a entrada do bairro Sapucaia há uma pequena ponte sobre o córrego Vieiras. Ontem, recebemos a notícia que a ponte está interditada, pois parte do pavimento afundou, deixando a mostra um enorme buraco. O velho acesso não resistiu ao volume de chuvas que tem caído na região. Benditas chuvas por sinal!!!
Fica evidente a ausência de manutenções preventivas, pois já eram visíveis alguns sinais de desgaste.
Com a interdição desse acesso, o fluxo via bairro Ibituruna aumentou significativamente, demandando atenção dos motoristas, pois as vias estão recheadas de buracos, além de serem estreitas.
Pelo tamanho do estrago, conforme demonstrado na foto que ilustra esse texto, creio que o conserto da ponte levará tempo significativo. Transtorno, pois trata-se de uma importante via de ligação interbairros. Agora é ter paciência e torcer para que os trabalhos de reparo se iniciem o mais rápido possível. E que sejam efetuados de forma correta e não apenas paliativa, como já observado de outras vezes.
Percebendo então a importância da velha ponte, penso em quão integras estão as nossas diversas pontes do viver. Aquelas presentes nas ligações interpessoais, tão essenciais ao nosso bom conviver. Naquele relacionamento a dois, nos relacionamentos com filhos e parentes, nos vínculos de amizade, nas relações de trabalho, sociais, etc.
São inúmeras as pontes que temos que construir e manter. A falta de construção ou, principalmente, de manutenção gera conflitos nas relações, empecilhos sociais, fadiga, estresse, interrupções e distanciamento. E nem sempre será possível trafegar por caminhos alternativos ou, se possíveis, tais desvios costumam ser custosos, cansativos.
Fissuras sentimentais muitas vezes intransponíveis, que causam dor e sofrimento. Que bloqueiam oportunidades. Que afastam quereres e prazeres. Vazios que nos enchem de saudade e tristeza. Arrependimento.
Muitas vezes percebemos nossas pontes próximas a exaustão, mas, inertes, crentes num consertar espontâneo pela simples engenharia do tempo, deixamos ruir. A inação muitas vezes traz remorso, sentimento de culpa, dor, impulso de retorno a um passado para um reparo sabido impossível. Já passou, a ponte caiu…
Outras vezes, as pontes estão lá, mas sabemos que aquele acesso não é mais adequado. São pontes que se pavimentaram em toxidade, desilusões, decepções, puro engodo. Quando não passíveis de reparo, precisamos implodi-las, encontrar caminhos outros. Construir novas ligações, mais seguras, estáveis, saudáveis, ainda que nos levem a outros cantos dantes inexplorados…
Como as pontes do mundo físico, as pontes do mundo das relações humanas precisam ser criadas e quando assim se fizerem, carecem de constante atenção.
Anderson Nobre – mar/2020