Esse não é um tema sobre o qual normalmente escrevo. Pelo simples fato de não ser do meu agrado e também de não me sentir preparado para tal. Mas, diante do que tenho presenciado não tive escolha e resolvi arriscar algumas linhas.
Não sou um ativista político. Nunca fui. Talvez eu tenha pouco evoluída uma dimensão que deveria ser comum a todo cidadão. Consciência e atuação política.
É certo que no nosso Brasil de 2020 ainda a polarização política é flagrante e degradante. Basta um minuto em qualquer aplicativo de mensagem ou nas redes sociais para nos depararmos com uma infinidade de ataques e contra-ataques. A maioria de caráter depreciativo, destrutivo, desrespeitoso, segregador.
Todos nós já presenciamos, até mesmo em família, discussões impróprias, acaloradas, voltadas a questões político-ideológicas. Pra que? Muitos desses grupos entraram num irreversível processo de entropia. E pior, o efeito nocivo no grupo virtual contaminou relações familiares reais.
Bom, antes que me tomem por alienado, deixo claro que vejo uma enorme diferença entre participar, comentar, discutir temas políticos daqueles absurdos que leio e ouço nos meios instantâneos de comunicação.
Uma coisa é você comentar: Olha, o prefeito entregou um importante obra para a cidade, há tempos aguardada. Outra coisa é dizer: – Meu prefeito é f…! Veja o que ele entregou para a cidade. Tá vendo ladrões, sem vergonha, corruptos, esquerdistas (ou direitista)… Imprópria generalização.
Gente, a eleição é passado, foi… Se a maioria do povo escolheu novos governantes, num processo legítimo e democrático, era justamente pela esperança de mudanças e de novas e importantes realizações… Comemoremos se tudo estiver dando certo. Se não, temos um processo democrático que nos permitirá novas mudanças. Tratemos o passado como passado, procurando preservar o que de bom veio de lá e aprender com o que percebemos de errado.
Longe de mim querer que fiquem impunes aqueles que cometeram atos de improbidade administrativa ou crimes contra a nação e seu povo. Acho esses delitos contra a coisa pública os mais hediondos, pois silenciosa e sorrateiramente degradam os direitos mais basilares de uma sociedade. Portanto devem ser exemplarmente apurados e punidos, na forma da lei.
Mas, rancor, desrespeito, discriminação, preconceito, principalmente generalizações indevidas, nos levam em direção oposta a de um processo democrático de construção coletiva.
Em resumo, acredito que sim, precisamos conhecer e discutir as ações emanadas dos três poderes da república, pela simples razão de interferirem diretamente em nossas vidas. Devemos sim, ser cidadãos participativos e atuantes na sociedade. Concordando ou discordando.
Todavia, entendo que devemos nos ater aos fatos, olhar pra frente, evitando discussões sem sentido, agir sem espírito revanchista, sem ofensas despropositadas. Acredito que podemos tratar de qualquer assunto sem transformarmos tudo em um ringue eleitoral. É só nos pautarmos pela empatia e pelo respeito!
É muito desagradável participarmos de um grupo qualquer de mensagens ou relacionamentos e sermos ofendidos simplesmente pelo fato de nos mostrarmos partidários de determinada religião, de determinada corrente ideológica, de determinada opção social, etc. Particularmente, tenho vários parentes e amigos convictos em suas ideologias de esquerda. Da mesma forma, tenho outros também convictos em ideologias de direita. Convivo muito bem com todos eles.
É muito desagradável despendermos uma energia enorme em discussões vazias e inócuas, enquanto poderíamos nos guiar por assuntos agradáveis e construtivos.
Que bom se os nossos grupos de mensagens e de relacionamento pudessem ser
utilizados sempre para reforçar laços de amizade, fortalecer relações em família,
comemorar realizações, transmitir notícias importantes, discutir fatos relevantes para nós e para a sociedade, ensinar, aprender, brincar, orar, rir, chorar, contemplar, construir, crescer… Com todo o respeito, pois é bom e nós gostamos!
Por Anderson Nobre