Hoje meu silêncio é um grito,
Abafado, inaudível,
Paradoxalmente estrondoso.
Hoje meu silêncio é questionador,
Forrado de “por quês”
Recheado de “ses”.
Hoje meu silêncio é revolto,
Vagalhão de mar,
Impotente ao encontrar a rocha.
Hoje meu silêncio é profundo,
Em níveis abissais,
Vezes raras explorados.
Hoje meu silêncio vagueia,
Por anos e anos em distâncias,
Percorridas no retrovisor.
Hoje meu silêncio é molhado,
Contido em córneas envidraçadas,
Extravasado por garganta e peito.
Hoje meu silêncio é gratidão pura,
Amargoso de inadimplência,
Azedo em remorsos.
Hoje meu silêncio pede tempo,
Para horas de punhal,
Dias de chibata.
Hoje meu silencio é ciente,
Da força que o mesmo tempo…
Trará anos de esperado conforto?
Hoje meu silêncio é despedida,
Sem motivo de partida,
Sem esperar pela volta.
Hoje meu silêncio é suspeita.
Hoje meu silêncio é desejo
De milagrosos encantos,
De sonhados reencontros.
Fala por si, por mim,
Como os silêncios da alma.
Por Anderson Nobre